O que é Karate

O que é Karate?

Karate é uma palavra japonesa que significa “mãos vazias”. Consiste em uma arte marcial japonesa e um método de ataque e defesa pessoal que inclui diversas técnicas executadas com as mãos desarmadas.

Em Português do Brasil, a grafia correta da palavra é “caratê” (com “c” e com acento circunflexo), contudo é comum encontrar escrita com "k".

O método de defesa pessoal foi possivelmente originado na China, mas se desenvolveu e evoluiu no Japão, na província de Okinawa, com base em uma luta já existente na época.

No Japão também se acrescentou a partícula “do” (karate-do), que significa “caminho”, para acrescentar à luta os aspectos filosóficos e físicos, cujas técnicas visam disciplinar o corpo e a mente.

Os praticantes de caratê são denominados “caratecas”. Nas lutas, os caratecas só podem usar as armas de combates naturais, ou seja, o próprio corpo (mãos, braços, pés, pernas, etc.), incluindo os bons reflexos de visão e a inteligência.

O nível atingido por cada carateca é classificado através de um sistema de faixas coloridas (classe Kyu), na seguinte ordem: branca, amarela, vermelha, laranja, verde, roxa, marrom. A faixa branca é indicativa de principiante.

A faixa preta é conseguida por quem atingiu todos os conhecimentos da classe Kyu e domina a arte marcial (classe Dan). No Sistema Shotokan são definidos mais 10 níveis exclusivos para serem alcançados pela classe Dan (faixas-pretas).

KARATE NÃO SE RESUME APENAS AO COMBATE CORPO A CORPO

Antes de se falar em combate, em luta corpo a corpo, Karate é antes de tudo, um estilo de vida. Mas, o caminho das artes marciais, especificamente o Karate, não significa apenas adquirir habilidades defensivas e ofensivas; O Caminho, o DO , não existiria sem todo um código de honra característico de toda arte marcial, baseada nas religiões do Oriente, mais especificamente Zenbudismo, Taoismo e Confucionismo, porque , sem Filosofia , qualquer Arte Marcial é só briga de rua.

A mente de um verdadeiro praticante de Karate-Do antes de voltar a atenção para o seu corpo, deve estar voltada principalmente para sua auto-estima e amor à sua família. A verdadeira essência do Karate, só pode ser alcançada através desses sentimentos.

BENEFÍCIOS DO KARATE

O Karate proporciona não apenas o exercício físico de forma harmoniosa, mas desenvolve princípios de respeito ao adversário, domínio próprio, determinação e humildade.

O Karate vai além da luta, tem uma filosofia e envolve virtudes necessárias para uma atuação social positiva : União, Amizade, Respeito e Disciplina.

Há muito tempo os Educadores consideram indispensável a Educação física e a Educação moral junto às outras matérias do currículo escolar. O Karate representa a vantagem de permitir que a criança e o jovem aperfeiçoem, simultaneamente, os dois objetivos.

KARATE - Ferramenta de Auto transformação

O Karate reforça o controle emocional de um indivíduo.

Em combate, tem que se estar constantemente pronto a usar as técnicas defensivas e ofensivas sem, no entanto, parar de perceber o que se passa ao seu redor. Isso requer lucidez e para ser lúcido, é indispensável saber controlar-se. Desta maneira, nós , praticantes de Karate , não representamos um perigo para a sociedade.

O combate obriga-nos a estar atento ao adversário e a tentar adivinhar as suas intenções; isso cultiva a nossa sensibilidade. Os combates físicos (Kumite ) , leia-se Kumitê , no Karate, são apenas simbolismos, representa a nossa luta diária com as dificuldades cotidianas. É preciso saber o momento de esquivar, bem como, saber quando podemos " bater de frente ".

O Karate-Dô é uma arte marcial que põe à prova o caráter, a personalidade, a alma, o espírito e o organismo de quem a pratica, fazendo com que exista uma luta interna com o praticante, levando-o a desafiar e a vencer a si mesmo.

O caminho (Dô) é uma estrada aberta à perfeição humana, que tenta devolver ao homem a calma do espírito, fazendo-o voltar ao estado puro, primitivo e livrando-o das algemas que o aprisionam à ilusão do mundo exterior. Portanto, acrescentarei que o Karate, instrumento de formação física, social e moral, pertence ao Budô.

O Budô é a via das artes marciais que procura a sabedoria através da prática e do conhecimento das técnicas corporais.

 Com esta fusão do corpo e da mente, o Karate é um exemplo de disciplina completa, necessária à criação de uma personalidade sã e sólida.

Na prática do verdadeiro Karate-Dô , a dificuldade é uma constante, e não será com pouco esforço que se dissipará. É através da dificuldade que aparece o verdadeiro homem.

Sabemos também que, na vida, a firmeza, vontade e a determinação é que nos levam a atingir um objetivo, uma meta. E assim é no aprendizado do Karate.

Quem de fato desejar treinar Karate e aperfeiçoar-se, saberá que sua trilha será de apenas sacrifícios e pesquisas ininterruptas .Como em qualquer atividade humana, sempre existirão pessoas mal intencionadas que iniciarão o Karate pensando em utilizá-lo para hostilizar e humilhar algum semelhante. Esse tipo de aluno inevitavelmente abandona o curso, somente os que têm um ideal superior permanecem.

KARATE ESTILO SHOTOKAN

O Karate Shotokan, ( pseudônimo que o Mestre Gishin Funakoshi , criador do estilo, usava ao assinar seus livros, pois além de Mestre em Karate, Funakoshi era também escritor) foi desenvolvido por Gishin Funakoshi (1869-1957).

 

Gishin ( ou Guichin) Funakoshi nasceu em novembro de 1869 em Shuri, distrito de Yamakawa-Cho, Okinawa. Gishin Funakoshi, na sua infância, era uma criança fraca e doentia. Era filho único, e logo após o seu nascimento fora levado para a casa dos seus avós maternos, com quem foi educado e aprendeu poesias clássicas chinesas. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo.

 

Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karate, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começava a tomar suas primeiras lições de Karate. Na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, e os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa do Mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar, e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso.

 

Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um Kata em três anos". Funakoshi estudava cada Kata a fundo, e então, apenas quando era autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo. Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karate, Mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os fazendo os Katas, tecendo comentários sobre suas técnicas.

 

Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida do mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karate.

 

Após vários anos, a prática do Karate deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karate, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária, em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda sua cultura adquirida desde a infância quando seus avós lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.

 

Gishin Funakoshi, tinha uma personalidade marcante e alguns aspectos como natural benevolência, distinção de maneiras e ímpar gentileza e respeito a todos, alem de uma energia forte, muita coragem, determinação e força mental altamente capacitada, o tornaram uma figura que, para muitos era sinônimo de alguém "mais que humano", um "tatsujin" (indivíduo fora do comum) ainda mais se contrastando suas virtudes com seu porte físico pequeno (1,67m. para 67 Kg.), sendo admirado por seus contemporâneos.

 

No começo deste século, em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte.

 

Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas.

 

Até então o Karate só era praticado atrás de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo. As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas outras casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo naquela época, ele não era tão secreto assim.

 

Tudo isso contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas.

 

Logo, as crianças na escola estavam aprendendo os Katas como parte das aulas de Educação Física. A partir de então, as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.

Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana.

 

Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão.

 

Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.

 

Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado. Por causa disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração de Karate em Tokyo, numa Exibição Atlética Nacional. Ele aceitou imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar a arte. Sua demonstração de Kata foi um sucesso.

 

Ele pretendia retornar logo para Okinawa mas, depois da exibição, Funakoshi foi cercado por pedidos para ficar no Japão ensinando Karate. Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano, o fundador do Judô e presidente do Instituto Kodokan.

 

Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações técnicas no próprio Kodokan. Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar à Okinawa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de Karate em Okinawa, e pediu que ele lhe ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.

 

Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o Karate propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida. Kosugi foi uma das pessoas que convenceram Funakoshi a ensinar Karate no Japão. Ele também o convenceu a registrar todo o seu conhecimento em um livro e prometeu presenteá-lo com uma pintura para a capa. Essa pintura, o Tora No Maki ("Tora" em japonês quer dizer tigre, e "Maki" em japonês quer dizer rolo ou enrolado), foi usada para ilustrar a capa do livro "Karate-Do Kyohan" para simbolizar força e coragem.

 

Em 1925, Funakoshi começou a convocar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tokyo, e nos anos seguintes, esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar Karate a estudantes destas escolas. Como resultado, o Karate começou a se espalhar por Tokyo.   No início da década de 30 haviam clubes de Karate em cada universidade de prestígio de Tokyo. Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em Karate desta vez ? O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico. Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas. O seu número de alunos aumentou bastante.

 

Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas.   Tanto o ataque de cinco passos "Gohon Kumite" como o de um "Ippon Kumite" foram usados. Em 1934, com a ajuda do filho Yoshitaka "Gigo" Funakoshi, Gishin Funakoshi desenvolveu um método de praticar esses ataques e defesas com colegas, de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre "Ju Ippon Kumite", foi adicionado ao treinamento.

 

Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (JIYU Kumite) com oponentes finalmente tinha começado. Até então, todo Karate treinado em Okinawa era composto basicamente de Katas. Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos Katas uns com os outros sem causar danos sérios. Nesta época, em 1935, foi publicado seu próximo livro: "Karate-Dô Kyohan".

 

Este livro trata basicamente dos Katas. Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o Karate se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos Katas. Então, ele parou de fazer essas aplicações.

 

Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.

Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate. O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão".

 

Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio". De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato do Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos.

 

Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos Katas, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto caipira (do interior) de Okinawa. Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos Katas. Ele estava certo, e seus praticantes cresceram mais ainda. Em 26 de Abril de 1957, próximo de completar 89 anos, Gishin Funakoshi faleceu.

O Karate Shotokan, ( pseudônimo que o Mestre Gishin Funakoshi , criador do estilo, usava ao assinar seus livros, pois além de Mestre em Karate, Funakoshi era também escritor) foi desenvolvido por Gishin Funakoshi (1869-1957).

 

Gishin ( ou Guichin) Funakoshi nasceu em novembro de 1869 em Shuri, distrito de Yamakawa-Cho, Okinawa. Gishin Funakoshi, na sua infância, era uma criança fraca e doentia. Era filho único, e logo após o seu nascimento fora levado para a casa dos seus avós maternos, com quem foi educado e aprendeu poesias clássicas chinesas. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo.

 

Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karate, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começava a tomar suas primeiras lições de Karate. Na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, e os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa do Mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar, e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso.

 

Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um Kata em três anos". Funakoshi estudava cada Kata a fundo, e então, apenas quando era autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo. Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karate, Mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os fazendo os Katas, tecendo comentários sobre suas técnicas.

 

Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida do mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karate.

 

Após vários anos, a prática do Karate deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karate, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária, em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda sua cultura adquirida desde a infância quando seus avós lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.

 

Gishin Funakoshi, tinha uma personalidade marcante e alguns aspectos como natural benevolência, distinção de maneiras e ímpar gentileza e respeito a todos, alem de uma energia forte, muita coragem, determinação e força mental altamente capacitada, o tornaram uma figura que, para muitos era sinônimo de alguém "mais que humano", um "tatsujin" (indivíduo fora do comum) ainda mais se contrastando suas virtudes com seu porte físico pequeno (1,67m. para 67 Kg.), sendo admirado por seus contemporâneos.

 

No começo deste século, em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte.

 

Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas.

 

Até então o Karate só era praticado atrás de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo. As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas outras casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo naquela época, ele não era tão secreto assim.

 

Tudo isso contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas.

 

Logo, as crianças na escola estavam aprendendo os Katas como parte das aulas de Educação Física. A partir de então, as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.

Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana.

 

Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão.

 

Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.

 

Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado. Por causa disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração de Karate em Tokyo, numa Exibição Atlética Nacional. Ele aceitou imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar a arte. Sua demonstração de Kata foi um sucesso.

 

Ele pretendia retornar logo para Okinawa mas, depois da exibição, Funakoshi foi cercado por pedidos para ficar no Japão ensinando Karate. Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano, o fundador do Judô e presidente do Instituto Kodokan.

 

Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações técnicas no próprio Kodokan. Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar à Okinawa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de Karate em Okinawa, e pediu que ele lhe ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.

 

Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o Karate propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida. Kosugi foi uma das pessoas que convenceram Funakoshi a ensinar Karate no Japão. Ele também o convenceu a registrar todo o seu conhecimento em um livro e prometeu presenteá-lo com uma pintura para a capa. Essa pintura, o Tora No Maki ("Tora" em japonês quer dizer tigre, e "Maki" em japonês quer dizer rolo ou enrolado), foi usada para ilustrar a capa do livro "Karate-Do Kyohan" para simbolizar força e coragem.

 

Em 1925, Funakoshi começou a convocar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tokyo, e nos anos seguintes, esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar Karate a estudantes destas escolas. Como resultado, o Karate começou a se espalhar por Tokyo.   No início da década de 30 haviam clubes de Karate em cada universidade de prestígio de Tokyo. Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em Karate desta vez ? O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico. Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas. O seu número de alunos aumentou bastante.

 

Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas.   Tanto o ataque de cinco passos "Gohon Kumite" como o de um "Ippon Kumite" foram usados. Em 1934, com a ajuda do filho Yoshitaka "Gigo" Funakoshi, Gishin Funakoshi desenvolveu um método de praticar esses ataques e defesas com colegas, de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre "Ju Ippon Kumite", foi adicionado ao treinamento.

 

Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (JIYU Kumite) com oponentes finalmente tinha começado. Até então, todo Karate treinado em Okinawa era composto basicamente de Katas. Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos Katas uns com os outros sem causar danos sérios. Nesta época, em 1935, foi publicado seu próximo livro: "Karate-Dô Kyohan".

 

Este livro trata basicamente dos Katas. Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o Karate se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos Katas. Então, ele parou de fazer essas aplicações.

 

Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.

Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate. O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão".

 

Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio". De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato do Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos.

 

Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos Katas, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto caipira (do interior) de Okinawa. Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos Katas. Ele estava certo, e seus praticantes cresceram mais ainda. Em 26 de Abril de 1957, próximo de completar 89 anos, Gishin Funakoshi faleceu.

Devemos praticar o Karate Shotokan , procurando sempre honrar o nome do estilo , mantendo a hierarquia, disciplina e principalmente a cortesia e o respeito , que foi o maior exemplo que Gishin Funakoshi nos deixou .

 

O Karate Shotokan, ( pseudônimo que o Mestre Gishin Funakoshi , criador do estilo, usava ao assinar seus livros, pois além de Mestre em Karate, Funakoshi era também escritor) foi desenvolvido por Gishin Funakoshi (1869-1957).

 

Gishin ( ou Guichin) Funakoshi nasceu em novembro de 1869 em Shuri, distrito de Yamakawa-Cho, Okinawa. Gishin Funakoshi, na sua infância, era uma criança fraca e doentia. Era filho único, e logo após o seu nascimento fora levado para a casa dos seus avós maternos, com quem foi educado e aprendeu poesias clássicas chinesas. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo.

 

Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karate, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começava a tomar suas primeiras lições de Karate. Na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, e os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa do Mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar, e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso.

 

Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um Kata em três anos". Funakoshi estudava cada Kata a fundo, e então, apenas quando era autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo. Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karate, Mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os fazendo os Katas, tecendo comentários sobre suas técnicas.

 

Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida do mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karate.

 

Após vários anos, a prática do Karate deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karate, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária, em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda sua cultura adquirida desde a infância quando seus avós lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.

 

Gishin Funakoshi, tinha uma personalidade marcante e alguns aspectos como natural benevolência, distinção de maneiras e ímpar gentileza e respeito a todos, alem de uma energia forte, muita coragem, determinação e força mental altamente capacitada, o tornaram uma figura que, para muitos era sinônimo de alguém "mais que humano", um "tatsujin" (indivíduo fora do comum) ainda mais se contrastando suas virtudes com seu porte físico pequeno (1,67m. para 67 Kg.), sendo admirado por seus contemporâneos.

 

No começo deste século, em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte.

 

Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas.

 

Até então o Karate só era praticado atrás de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo. As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas outras casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo naquela época, ele não era tão secreto assim.

 

Tudo isso contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas.

 

Logo, as crianças na escola estavam aprendendo os Katas como parte das aulas de Educação Física. A partir de então, as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.

Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana.

 

Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão.

 

Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.

 

Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado. Por causa disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração de Karate em Tokyo, numa Exibição Atlética Nacional. Ele aceitou imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar a arte. Sua demonstração de Kata foi um sucesso.

 

Ele pretendia retornar logo para Okinawa mas, depois da exibição, Funakoshi foi cercado por pedidos para ficar no Japão ensinando Karate. Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano, o fundador do Judô e presidente do Instituto Kodokan.

 

Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações técnicas no próprio Kodokan. Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar à Okinawa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de Karate em Okinawa, e pediu que ele lhe ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.

 

Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o Karate propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida. Kosugi foi uma das pessoas que convenceram Funakoshi a ensinar Karate no Japão. Ele também o convenceu a registrar todo o seu conhecimento em um livro e prometeu presenteá-lo com uma pintura para a capa. Essa pintura, o Tora No Maki ("Tora" em japonês quer dizer tigre, e "Maki" em japonês quer dizer rolo ou enrolado), foi usada para ilustrar a capa do livro "Karate-Do Kyohan" para simbolizar força e coragem.

 

Em 1925, Funakoshi começou a convocar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tokyo, e nos anos seguintes, esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar Karate a estudantes destas escolas. Como resultado, o Karate começou a se espalhar por Tokyo.   No início da década de 30 haviam clubes de Karate em cada universidade de prestígio de Tokyo. Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em Karate desta vez ? O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico. Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas. O seu número de alunos aumentou bastante.

 

Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas.   Tanto o ataque de cinco passos "Gohon Kumite" como o de um "Ippon Kumite" foram usados. Em 1934, com a ajuda do filho Yoshitaka "Gigo" Funakoshi, Gishin Funakoshi desenvolveu um método de praticar esses ataques e defesas com colegas, de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre "Ju Ippon Kumite", foi adicionado ao treinamento.

 

Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (JIYU Kumite) com oponentes finalmente tinha começado. Até então, todo Karate treinado em Okinawa era composto basicamente de Katas. Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos Katas uns com os outros sem causar danos sérios. Nesta época, em 1935, foi publicado seu próximo livro: "Karate-Dô Kyohan".

 

Este livro trata basicamente dos Katas. Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o Karate se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos Katas. Então, ele parou de fazer essas aplicações.

 

Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.

Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate. O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão".

 

Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio". De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato do Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos.

 

Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos Katas, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto caipira (do interior) de Okinawa. Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos Katas. Ele estava certo, e seus praticantes cresceram mais ainda. Em 26 de Abril de 1957, próximo de completar 89 anos, Gishin Funakoshi faleceu.

Devemos praticar o Karate Shotokan , procurando sempre honrar o nome do estilo , mantendo a hierarquia, disciplina e principalmente a cortesia e o respeito , que foi o maior exemplo que Gishin Funakoshi nos deixou .

Devemos praticar o Karate Shotokan , procurando sempre honrar o nome do estilo , mantendo a hierarquia, disciplina e principalmente a cortesia e o respeito , que foi o maior exemplo que Gishin Funakoshi nos deixou .

 

 

CARACTERÍSTICAS DO KARATE SHOTOKAN

ASPECTOS TÉCNICOS

O Karate Shotokan se caracteriza pelas posturas baixas e seus bloqueios amplos e poderosos. Seus golpes possuem base muito sólida e seus chutes tendem a ser mais baixos e fortes. É um estilo que exige bastante dedicação e esforço físico.

ARMAS

Não são usadas armas normalmente no Shotokan, embora muitos professores incluam técnicas do Kobudo no seu treinamento.

ASPECTOS FILOSÓFICOS

Por ter sido aperfeiçoado já no século XX, o Karate Shotokan possui forte influência Zen-Budista. A meditação e os ensinamentos básicos do Zen estão fortemente presentes na conduta dos praticantes, se refletindo no Dojo Kun (juramento ou regras filosóficas de conduta no Dojô).

Dentre todos os estilos de Karate , o estilo Shotokan é o mais praticado no mundo atualmente.

GRUPOS MUSCULARES MAIS EXIGIDOS DO KARATE

O karate é uma modalidade de luta que envolve todos os grandes grupamentos musculares do corpo. Se você for iniciante, dê mais ênfase em treinar resistência e potência muscular. Treine todos os grupos musculares, mas enfatize mais os músculos dos membros superiores/inferiores, abdômen e costas.

 Se for avançado e já tiver completado a fase da resistência muscular, comece a fazer um treino para desenvolvimento da potência aeróbia e anaeróbia, porque no Karate usamos as duas, embora em alguns momentos uma predomine sobre a outra, e comece também a pensar num programa de treinamento para desenvolvimento da força muscular. Essas capacidades físicas serão importantes para melhorar seu desempenho atlético e para aprimorar os fundamentos técnicos do Karate .

PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS DO KARATE SHOTOKAN

Por : Guichin Funakoshi – Criador do Karate Shotokan -

  
 

- Dojô-Kun -

( Os mandamentos da Academia )

 

  • HITOTSU - JINKAKU KANSEI NI   TSUTOMURU KOTO

Esforçar-se para formação do caráter

 

  • HITOTSU - MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO

Fidelidade ao verdadeiro caminho da razão

 

  • HITOTSU - DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO

Criar o intuito de esforço

 

  • HITOTSU - REIGI O OMONZURU KOTO

Respeitar acima de tudo

 

  • HITOTSU - KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO

Conter o espírito de agressão

OS PRINCIPAIS PRECEITOS, SEGUNDO GISHIN FUNAKOSHI

1º Praticá-lo com a maior seriedade desde o princípio.

Fazer mais do que apenas ser aplicado e sincero no treinamento. Em cada passo, em cada movimento da mão, você deve imaginar-se enfrentando um adversário que empunha uma espada. Cada golpe deve ser dado com a força de todo o corpo, com a sensação de destruir o seu oponente com um único soco.

Você precisa acreditar que, se a sua investida falhar, você pagará com a própria vida. Pensando nisso, sua mente e energia se concentrarão, e seu espírito se expressará com toda a plenitude. Não importa quanto tempo você dedique à prática, não importa quantos meses e anos passem: se sua prática consiste apenas em movimentos de braços e de pernas, melhor será você estudar dança. Você jamais chegará a conhecer o significado verdadeiro do Karate.

 

2º Procure fazer exatamente como o seu professor lhe ensina.

Não questione nem polemize , só os carentes de entusiasmo e os desprovidos de disposição para trabalhar sobre si mesmo recorrem à polêmica. Às vezes, suas lamúrias descabidas chegam ao patético.

 Você não pode treinar por meio de palavras. Você precisa aprender com o corpo. Para suportar a dor e a aflição enquanto se esforça para se disciplinar e polir, você precisa acreditar que, se outros podem, você também pode.

Pergunte-se, o que está me detendo? O que estou fazendo errado? Está faltando alguma coisa no meu modo de ver a situação? Isso é treinamento nas artes marciais.

 

3º Pratique a nova técnica como se fosse única.

Quando você está aprendendo uma nova técnica, pratique-a com toda a disposição e sem reservas até que a compreenda realmente. Não queira saber tudo de uma vez, pratique com esmero.

 

4º Não pretenda ser um grande mestre, nem exiba a sua força.

Mesmo que você seja superior deixe que os outros lhe glorifique o auto-elogio é ridículo.

Seu sorriso pode conquistar até o coração de uma criança, sua ira pode fazer um tigre encolher-se de medo . Sucintamente, essas palavras descrevem o verdadeiro praticante de Karate.

 

5º Seja sólido com a cortesia, respeite e obedeça os mais velhos.

A cortesia e o respeito não podem limitar-se ao dojô. Os ensinamentos do Karate não pode se limitar as quatros paredes do dojô, a cortesia do primeiro movimento de todos os kata tem que ser mostrado em cada momento de sua vida, nunca ataque sempre se defenda.

 

6º Ignore o que não é bom e adote o bom.

Todos temos nossos pontos positivos e nossas deficiência. Se somos sinceros no nosso desejo de nos aperfeiçoar, todas as pessoas que encontramos podem ser um modelo ou um critério que nos ajuda a refletir sobre nós mesmos.

 

7º Pense na vida de cada dia como um treinamento de Karate.    

O espírito nascido do esforço e do ranger os dentes de frio no treinamento durante o inverno, ou nascido do suor no treinamento do verão, pode lhe ser muito útil na sua vida . E o corpo que se forjou nos chutes e nos socos da prática intensa não sucumbirá às provocações da vida. E a dor vencida após 3 dias de treinamento rigoroso na makiwara serve para calejar o seu espirito e amenizar a dor da vida.

 

" Alguém cujo espírito e força mental se fortaleceram através do Karate

com uma atitude de nunca desanimar ,

não deve encontrar dificuldades em enfrentar nenhum desafio.

Sem dúvida nenhuma, uma pessoa com essas características

aprendeu verdadeiramente o Karate ".

Guichin Funakoshi .

SIGNIFICADO DAS CORES DAS FAIXAS DO KARATE

Qual foi a intenção dos mestres em colocarem esta ou aquela cor na seqüência dos Kyus? ( classes) Qual seria o significado que eles tinham em mente? Algumas evidências científicas sugerem que a luz das diversas cores, que entram pelos olhos, podem afetar diretamente o centro das emoções, possuindo assim, queiramos ou não, um significado. O que todos sabemos é que cada estilo de arte marcial possui a sua própria seqüência de cores de faixas, que nem sempre coincidem umas com as outras, que simbolizam o ciclo de aprendizagem de um praticante nas diferentes etapas de sua carreira e que cada cor tem sua própria energia, vibração e atuação.

 O que se observa mais facilmente é que a cor da faixa vai escurecendo com os anos de dedicação e de prática, até chegar à faixa preta, a qual representa a maioridade técnica do praticante. Os Kyus( classes) são decrescentes, sendo que a faixa marrom é do 1º Kyu, representando que este grau é o 1º discípulo, ou seja, aquele aluno mais próximo do mestre. Apesar do significado das cores serem diferentes em culturas diferentes, independente ou não de terem sido conscientemente escolhidas, elas podem analogicamente ser usadas para transmitir uma determinada mensagem.

BRANCA

A FAIXA BRANCA (Shiro Obi) – Sem graduação (Mu Kyu):


Essa é a cor do desprendimento.


O branco reflete todas as cores. A própria cor dessa faixa indica que o seu portador ainda possui a ingenuidade e deve procurar manter a mente limpa. Entretanto, ele tem em potencial, todas as cores das demais faixas posteriores e assim como o fogo está na pedra, cabe a ele, faze-lo brotar através da fricção do treino árduo.


A busca nesse grau é pela purificação e transformação, diante do infinito conhecimento que tem diante de si. Essa faixa nos diz que o iniciante deve buscar a humildade e a imaginação criativa, através da limpeza e da claridade dos pensamentos. É a cor síntese do arco-íris e a mais associada ao sagrado, pois simboliza paz, pureza, perfeição e especialmente o absoluto.


Ela nos diz que devemos buscar a pureza, sinceridade e a verdade; repelindo os pensamentos negativos, procurando elevá-los, para que encontremos o equilíbrio interior, segurança e desenvolvamos o instinto e a memória. O branco simboliza uma espécie de coringa, para todos os propósitos, é o substituto para qualquer cor, assim como uma tela em branco esperando para ser pintada.

AMARELO

A FAIXA AMARELA (Kiiro Obi) – 6º Kyu (Rokku Kyu):


Assim como um sol que desponta todos os dias, ela significa que é um iniciante ou um recém nascido no Karate, que com o tempo irá crescendo e fortalecendo-se, até chegar à maturidade que corresponde à faixa preta.

Assim como o sol nascente o conhecimento começa a aflorar para o iniciante. Agora ele pode vislumbrar um pouco da iluminação da descoberta e da realidade do que é o Karatê. Entretanto, assim como o amarelo é uma cor primária, isto é, não pode ser formado pela mistura de outras cores, ele também deve manter-se puro dentro da escola de Karatê que escolheu ainda evitando misturar outras coisas aos conhecimentos que está recebendo para não se confundir dentro da senda do verdadeiro karatê.


Assim como essa cor, essa graduação lhe traz a alegria, a vida, o calor, a força, a glória, o poder mental e representa o descobrimento. Ela lhe desperta novas esperanças no caminho, dando-lhe vivacidade, alegria, desprendimento e leveza. Agora ele deve procurar desinibir-se para desenvolver seu brilho, mas também diminuir a ansiedade e as preocupações, construindo sua confiança, energia e inteligência na solução dos problemas que surgirão.
A cor dessa graduação mostra que o praticante deve reter conhecimentos e desenvolver a luz da sabedoria e da criatividade, e assim como o sol, ela deve trazer a luz para as situações difíceis.


O Amarelo simboliza: criatividade, as idéias, o conhecimento, alegria, juventude e nobreza. Apesar do amarelo estar relacionado ao elemento terra, também é uma cor Yang e representa o descobrimento e a abertura para o conhecimento do Karatê.

VERMELHA

A FAIXA VERMELHA (Aka Obi) – 5º Kyu (Go Kyu):


A cor vermelha sugere motivação, atividade e vontade. Ela atrai vida nova e pontos de partida inéditos.


Essa é a cor do fogo, da paixão do entusiasmo e dos impulsos é a cor mais quente, ativa e estimulante. Ainda é uma cor primária que não pode ser formada pela mistura de outras cores, mostrando assim, que o praticante ainda deverá manter-se puro e fiel ao estilo de Karatê que elegeu.


Essa faixa, pela sua vibração, dá mais energia física, mostrando que agora, mais do que nunca é necessária força de vontade para não desistir da conquista dos seus ideais. Persistência, força física, estímulo e poder são seus traços típicos.


Embora o vermelho represente agressividade, perigo, fogo, sangue, paixão, destruição, raiva, guerra, combate e conquista, também simboliza aquilo que deve ser contido pelo seu portador. Esta cor faz com que você se sinta mais vigoroso, expansivo e pronto para avançar adiante em algum sentido evidente. Ela tende a atrair o olhar das pessoas e chamar a atenção. Se você usar vermelho, isso pode indicar que tem ardor e paixão, ferocidade e força. As pessoas que gostam de ação e drama apreciam essa cor. É uma cor de uma energia muito forte e o praticante deve ter o cuidado e a persistência para não se deixar ser vencido por ela e desistir do caminho.Sendo a cor do sangue, o vermelho também está relacionado à vida e à força de uma energia vital máxima. Esta é uma cor Yang.

LARANJA

A FAIXA LARANJA (Daidaiiro obi) – 4º Kyu (Yon Kyu):


Esta é uma cor que é a mistura do vermelho com o amarelo, representado que o conhecimento dos graus anteriores deve estar contido nesta graduação e trazendo as qualidades dessas duas cores. Nos diz que devemos procurar o sucesso no treino diário, agilidade, adaptabilidade, estimulação, atração e plenitude.
Essa cor também simboliza aquilo que o praticante deve buscar: o encorajamento, estimulação, robustez, atração, gentileza, cordialidade e tolerância.


Esta é a cor da comunicação, do calor afetivo, do equilíbrio, da segurança e da confiança. Quem chega nessa faixa deve acreditar que agora tudo é possível, pois essa cor estimula o otimismo, generosidade, entusiasmo e o encorajamento.


A cor laranja mostra ao praticante que ele deve fortalecer as energias e a sua vontade de vencer.A cor laranja está situada entre o elemento fogo e o elemento terra, portanto, carrega um pouco das características dos dois elementos. Também é uma cor Yang.

VERDE

A FAIXA VERDE (Midori Obi) – 3º Kyu (Sankyu):


O verde é uma cor que representa Esperança e a Fé. É a cor mais harmoniosa e calmante de todas. Ela simboliza harmonia e equilíbrio.


Essa cor, que nos chega depois das cores quentes iniciais, nos dá a impressão de que chegamos a um oásis, depois de atravessar um árduo deserto, mas devemos saber que ainda há mais deserto a vencer.


Ela também representa as energias da natureza, esperança, perseverança, segurança e satisfação; fertilidade. O portador deve procurar desenvolver a sua sensibilidade para se comunicar com a natureza interna e externa a si mesmo.


Significa também a harmonia em que devemos estar com ela, junto com o ar, a água e o fogo, elementos da vida que proporcionam bem-estar ao ser humano.
Essa cor simboliza uma vida nova, a energia, a fertilidade, o crescimento e a saúde. Por outro lado, quando em mau aspecto, mostra um orgulho excessivo, superioridade e arrogância. O verde é ligado ao elemento madeira e a primavera.


Representa o crescimento, desenvolvimento, natureza e saúde. Também significa a etapa da juventude, estando relacionado a este estado emocional, mostrando, assim, que os conhecimentos ainda não se encontram bem claros ou maduros para os praticantes; ainda lhes falta amadurecer mais e delineá-los melhor.

ROXA OU VIOLETA

A FAIXA ROXA OU VIOLETA(Murasaki Obi) – 2º Kyu (Nikyu):


O roxo é uma mistura das cores azul e vermelho.Essa é a cor usada pelos sacerdotes católicos para refletir santidade e humildade.


Ela gera sentimentos como respeito próprio, dignidade e auto-estima.
Esta é uma cor metafísica. É também a cor da alquimia, das transformações e da magia. Ela é vista como a cor da energia cósmica e da inspiração espiritual.


A cor violeta é excelente para purificação e cura dos níveis físico, emocional e mental.
Simboliza: dignidade, devoção, piedade, sinceridade, espiritualidade, purificação e transformação. Quando em mau aspecto determina manias e fanatismo.


Representa o mistério, expressa sensação de individualidade, influenciando emoções e humores, mas também simboliza a dignidade, a inspiração e justiça. Gera tensão, poder, tristeza, piedade, sentimentalidade.

Tendo isso tudo em mente, a cor desta graduação nos indica que devemos encontrar novos caminhos e a elevar nossa intuição espiritual.

MARRON

A FAIXA MARROM (Chairo Obi)– 1º Kyu (Ichi Kyu):


É a cor da solidificação. Representa a constância, a disciplina, a uniformidade adquirida e a observação das regras mantidas até aqui.

Representa a conexão do praticante com o patrono do estilo que lhe foi passado, representado por seus mestres.

Para criar essa cor, você precisa misturar o vermelho com o preto e, portanto, ela tem alguns dos seus atributos. Também representa a autocrítica e a dependência dos mestres para chegar até aqui. Significa que se está completando o processo de amadurecimento, tanto nos conhecimentos técnicos quanto no aspecto mental.

Essa faixa, pela sua cor, emana a impressão de algo maciço denso, compacto.
Sugere segurança e isolamento. Representa também uma poluição que deve sempre ser limpa, através da prática fiel aos princípios do Budô.Uma pessoa que gosta de vestir-se com marrom por certo é extremamente dedicada e comprometida com seu trabalho, sua família e seus amigos.


A cor marrom gera organização e constância, especialmente nas responsabilidades do cotidiano. As pessoas que gostam de usar essa cor são capazes de ir "à raiz das coisas" e lidar com questões complicadas de forma simples e direta. São pessoas "sensatas".

PRETA

A FAIXA PRETA (Kuro Obi) – 1º Dan (Sho Dan):


É a junção de todas as cores. Enfim o corpo e a mente chegaram ao final de uma jornada e ao início de outra mais elevada.A faixa na cor preta, representa humildade, autocontrole, maturidade, serenidade, disciplina responsabilidade, dignidade e conhecimento. É a cor do poder, induz a sensação de elegância e sobriedade. Onde o que está fora não entra e o que está dentro não sai.

Observe-se que na maioria das sociedades ocidentais, o preto quase sempre é a cor da morte, do luto e da penitência, mostrando assim, o estado mental, para o mundo, de quem atingiu essa graduação.

Em geral, essa cor é usada por pessoas que rejeitam as regras convencionais ou são regidos por outras normas sociais, como é o caso dos padres ou dos guerreiros que seguem ao Budô. Essa cor também nos dá uma noção de tradição e responsabilidade.

É a ausência de vibração da “não cor” que dá a sensação de proteção ou afastamento. Por outro lado, absorve, transmuta e devolve as energias negativas, transformadas em positivas. A meditação nessa cor permite a introspecção, favorece a auto-análise e permite um aprofundamento do indivíduo no seu processo existencial.

Remove obstáculos, vícios e emoções não desejadas. O excesso traz melancolia, depressão, tristeza, confusão, perdas e medo. A cor preta relaciona-se ao elemento água que adapta-se a todas as formas e contorna todos obstáculos é o símbolo do máximo Yin.

 

O QUE SÃO ARTES MARCIAIS?

- As verdadeiras Artes Marciais, não devem ser confundidas com os esportes de combate-

Nas civilizações antigas, cujas tradições ainda existem no Oriente, as Artes marciais conduziam a um caminho que permitia ao homem, ao preço de uma aprendizagem longa e difícil, aprofundar sua experiência da realidade e de si mesmo. Pouco a pouco o aprendiz descobria as leis que regiam as forças sutis da natureza e aprendia que a qualidade de suas obras dependia do domínio de si mesmo e do que ele é.

Seu trabalho exterior é o reflexo de sua transformação interior. Portanto, o treinamento da mente através da prática física é um dos produtos das Artes Marciais. Para o ocidental com a mente impregnada de filosofia cartesianista, fica difícil, muitas vezes quase impossível, entender a Arte Marcial em sua essência espiritualista e intuitiva.

É comum ao ocidental confundir esportes de combate com Artes Marciais, confusão essa, fruto de falta de informação acerca do que representa realmente, ser um praticante marcial. Nas culturas Orientais, as lutas se sofisticaram em técnica e em filosofia, podendo ser chamadas Artes Marciais. Dentre essas lutas, foram desenvolvidas várias modalidades sem o uso de armas, utilizando-se somente os recursos do corpo sendo o Karate uma dessas modalidades.

HISTÓRIA

Na antiga Índia há mais de 5.000 anos (antes de cristo), surgiu uma luta marcial cujo nome em sânscrito era "Vajramushti", a tradução literal significa "Punho real, ou direto" . Era uma arte guerreira desenvolvida pela Casta marcial da Índia chamada Dshatra. Era, e é , uma arte marcial que se desenvolvia simultaneamente com práticas de meditação e estudos dos antigos clássicos da Índia, como os Veda, Gita e os Purana.

Tinha por objetivo o desenvolvimento espiritual, físico e de defesa pessoal. Posteriormente , nas origens do Budismo, era ensinada junto com as técnicas de meditação. Sakiamuni, o Buda, era um príncipe e como tal pertencia a classe guerreira dos Dshatras e aprendeu o Vajramushti como parte de sua educação militar. Mais tarde, também como guerreiro, ensinava o Vajramushti, visando a unificação da mente com o corpo.

Embora Buda ensinasse o Vajramushti como uma prática ascética, que visava a vivência dos preceitos budistas, os monges que se tornaram seus discípulos, o apreciavam também como um recurso para a defesa pessoal para enfrentar os perigos daqueles tempos em suas peregrinações. Quase mil anos depois da morte de Buda, Bodhidharma, que era filho do Rei Sughanda e portanto, príncipe, aprendeu o Vajramushti de um velho mestre chamado Prajnatara.

Tendo se tornado o 28º patriarca do budismo, viajou para a China a convite do Imperador Lin Wu Ti, que era um admirador do budismo. Porém, Wu Ti era seguidor de uma linha nova no budismo, com características ritualísticas e salvacionistas, contrárias às de Bodhidharma, que pregava a meditação e a busca interior. Por esta razão ele viajou ao vizinho reinado de Wei e hospedou-se no templo shaolin.

 Valorizando o Vajramushti como auxiliar do homem em sua pesquisa interior, os monges budistas se desenvolveram enormemente nesta arte marcial e o templo shaolin ficou mais famoso como centro de artes marciais do que budismo. O Vajramushti era, no templo shaolin, ensinado em segredo, devido ao seu poder como arte marcial, e as técnicas somente eram ensinadas para as pessoas que entendessem o conhecimento de seu verdadeiro significado. Com o tempo ocorreu uma cisão nos propósitos do templo.

Conhecimentos de Vajramushti adicionados ao Kung-fu antigo, originados dos tempos de Huang-ti, eram ensinados ao povo com o nome de Kung-Fu shaolin, com o objetivo de se defenderem do domínio dos oficiais corruptos do governo Manchu. Mas, entre os monges shaolin mantinham-se preservado o verdadeiro Vajramushti, que como recurso à meditação e ao desenvolvimento do espírito passou a ser chamado em chinês de "Ch'an Tao Chuan" ou a Arte dos punhos, no caminho da meditação.


           

Japão

As Artes Marciais Japonesas podem se dividir em três períodos:O período do Bujitsu, o período do Bugei e o período do Budô.

 No tempo do Bujitsu, existiam as técnicas primitivas de lutas que eram usadas nas constantes guerras. Durante o século VII, o Japão começou a assimilar a cultura chinêsa utilizando sua escrita e seu sistema hierarquizado, surgindo as classes militares. O príncipe Imperial Shotoki Taichu ( 595 a 621 ), favoreceu a expansão do budismo e encorajou a penetração da cultura chinêsa no país. Esta política possibilitou uma verdadeira reforma na administração e nas instituições.

O período termina nos finais do século VIII com o florescimento da civilização de NARA, a primeira capital do Império japonês

 

O período Bugei, surgiu em consequência da necessidade militar, e as práticas marciais foram classificadas, surgindo varias escolas (Ryus) , e os primeiros mestres famosos. Com o estabelecimento do shogunato, de 794 a 1615, iniciou-se a transferência da capital para Kioto. É nessa época do século IX e inicio do século X, que enfraqueceu a autoridade imperial e, em 1185 a família Minamoto toma o poder. Verdadeiras dinastias de Shogum tomaram nas mãos o destino do país. Período este que se estendeu até a dominação dos Tokugawa em 1603. Na era Iedo (1615 a 1668), com os tokugawa, transferiu-se a capital para Edo, a atual Tókio .

 

No período do Budô, o Shogum Ieyasu Tokugawa, estabeleceu o seu governo em Edo, com poder imenso , instituiu-se no governo passando para seus descendentes e trazendo um longo período de paz e tranquilidade, graças à obediência, que exigia dos chefes. Com o domínio Tokugawa, o Bugei passou a ser usado mais com o princípio de educação e ética para se atingir um elevado estado de espírito. A partir daí, a maior razão das Artes Marciais Japonesas passou a ser o aperfeiçoamento dos próprios praticantes. Surge assim o BUDÔ.

 

Budô é a continuação do Bujitsu (técnicas de luta), em dois sentidos: para alcançá-lo e para que ele nos alcance. A busca técnica efetuada desde os tempos remotos pelos mestres japoneses,   se baseou sempre nos princípios de relações complementares que regem o universo. O jogo de forças ativas (yang) e passivas (ying) é posto em prática com uma precisão extraordinária nos movimentos de ataque e de defesa, de maneira que se possa neutralizar o adversário com o mínimo de esforço e um máximo de eficiência.

 

"Aquilo que preenche o Universo , eu considero como meu corpo;

e aquilo que dirige o Universo, eu considero minha natureza."   Chuang Tsai

 

Budô , é o caminho do guerreiro e abrange todas as Artes Marciais Japonesas.  

Realiza a exploração através da experiência direta e profunda, da relação entre a ética , religião e filosofia. Sua associação com os esportes é um desenvolvimento muito recente; As escrituras antigas se relacionam essencialmente com a forma particular de cultivo da mente e uma reflexão sobre a natureza de si mesmo: Quem sou eu ? O que sou eu ?

Em japonês, Dô significa CAMINHO. Como se pode seguir este caminho? Como encontrá-lo ? não é só aprender uma técnica, menos ainda uma habilidade esportiva. Budô inclui Artes Marciais, tais como Kendô, Karatê-dô, Judô, Aikidô e Kyudo ( tiro com arco e flexa ), mesmo que o prefixo Bu signifique " parar o conflito ", em Budô a idéia não é competir , e sim, encontrar a paz e o controle de si mesmo.

Dô , é o caminho, o método, o ensino que permite compreender perfeitamente a natureza da tua própria mente e de ti mesmo. Na Ásia este caminho tem se transformado em moralidade suprema e na essência de todas as religiões e filosofias. Corpo e Mente, Interno e Externo, Aparência e Essência, estes pares não são nem dualistas nem opostos, visto que formam um todo inseparável .

Todo o Universo está conectado, tudo é osmose, não se pode separar uma parte do resto, a interdependência reina na ordem cósmica. Através de cinco mil anos de história do Oriente , os sábios e filósofos têm fixado suas atenções neste espírito, neste caminho. E para se alcançar este caminho é preciso praticar a meditação e o Bushidô.

 

 

Bushidô

Bushidô pode ser traduzido literalmente como " Caminho do guerreiro". Foi um código de ética e um meio de vida para os samurais, uma classe de guerreiros (Bushi) similar aos cavaleiros medievais da Europa.    

Porém, o que difere o samurai dos cavaleiros medievais é o seu modo de ver a vida, o seu código de ética próprio e a lealdade suprema que dedicavam ao seu senhor, muito maior do que a dos cavaleiros europeus. O Bushidô dava ênfase à lealdade , auto sacrifício, justiça, bom senso, modos refinados, sobriedade, modéstia, espírito marcial, honra e afeição. A essência do Bushidô era passada oralmente de pai para filho, através de gerações.

ORIGENS E INFLUÊNCIAS

 O Bushidô foi influenciado pelo Budismo Zen , Shintoísmo e pelo Confucionismo. A combinação dessas escolas formou o código de ética do samurai.

Do Budismo, o Bushidô recebeu sua relação com o perigo e com a morte. O samurai não temia a morte porque ele acreditava no que o Budismo ensinava, que depois da morte haveria reencarnação e ele poderia viver outra vida na Terra novamente. Através do Zen, uma escola do Budismo, pode-se alcançar o "Absoluto" . A meditação Zen permite alcançar um nível espiritual que não pode ser descrito através de palavras. O Zen ensina o auto-conhecimento e a não se limitar a si próprio. Um samurai usava isso como uma ferramenta para controlar o seu medo, instabilidade e erros. Estas coisas poderiam levá-lo à morte.

O Shintoísmo, outra doutrina japonesa, deu ao Bushidô sua lealdade e o patriotismo. O Shintoísmo incluía a adoração aos ancestrais, a qual fazia a família Imperial o centro de toda a nação. Isso conferia ao Imperador uma reverência divina. Ele era a personificação do céu na terra. Com a mesma lealdade, os samurais comprometiam-se para com o Imperador e seus Daimyô (senhores feudais), o mais alto posto samurai. O Shintoísmo também foi espinha dorsal do patriotismo da sua nação. Eles acreditavam que a terra não estava lá meramente para atender suas necessidades, ela era a residência sagrada para os deuses, e para os espíritos de seus antepassados.

O Confucionismo, deu ao Bushidô sua crença no relacionamento com a humanidade, seu meio-ambiente e sua família. A ênfase do confucionismo em cinco relacionamentos morais: entre senhor e empregado, pai e filho, marido e mulher, irmão mais velho e mais novo, e entre amigo e amigo, era o que os samurais seguiam. Entretanto, os samurais discordavam fortemente de muitos ensinamentos de Confúcio. Eles acreditavam que o homem não deveria sentar e ler livros a vida toda. Em vez disso, o Bushidô acreditava que o homem e o universo foram feitos para serem semelhantes tanto no espírito , quanto na ética.

Junto com essas virtudes, o Bushidô também compreendia justiça, benevolência, amor e sinceridade, honestidade, auto controle e o máximo respeito. Justiça é um dos principais fatores do código samurai.   Atos desonestos e injustiças eram considerados baixos e desumanos. Amor e benevolência eram virtudes supremas e atos nobres. Sinceridade e honestidade eram tão valiosos quanto suas vidas; a palavra de um samurai transcendia o pacto de lealdade e confiança .

O samurai também necessitava de auto controle e estoicismo (rigidez moral ou impassibilidade diante da dor ou infortúnio) para ser completamente honrado. Ele não apresentava sinais de dor ou alegria, ele suportava tudo sem lamentos, sem lágrimas. Ele mantinha a tranquilidade de conduta e compostura de uma mente inabalável , a qual não deveria ser perturbada por paixões de qualquer tipo. O samurai foi um verdadeiro e completo guerreiro.

Ainda que simples, o Bushidô criou um modo de vida que alimentou uma nação através de seus tempos problemáticos, através de guerras civis, desespero e incertezas.

Ainda hoje, o Bushidô exerce uma forte influência sobre o povo japonês; os seus valores e padrões comportamentais são em sua essência um retrato do Japão atual. Muitas atitudes dos japoneses que são incompreensíveis aos ocidentais encontram significado no velho e tradicional Bushidô.

Alguns estudiosos citam, por exemplo, a dedicação e lealdade com que os trabalhadores e operários japoneses exercem suas funções, como ideais samuráicos .

Os Samurais

Fonte: História dos Samurais - de José Yamashiro

 

No Japão, a classe de guerreiros era conhecida como Samurais. Eles surgiram entre os séculos IX a XII. Eles emergiram de províncias do Japão para tornarem-se classe dominante até o seu declínio seguido de total abolição em 1876 durante a era Meiji . Os samurais eram guerreiros, habilidosos em artes marciais, portanto, tinham amplas habilidades no uso do arco e flecha e da espada; eles eram também grandes cavaleiros. Esses homens viveram através do Bushidô. A lealdade do samurai ao Imperador e a seu lorde era insuperável. Eles eram leais e honestos, viviam modestamente, sem interesse em riquezas materiais, mas ricos em honra e orgulho. Eles foram homens de verdadeiro valor.

Inicialmente os samurais eram apenas coletores de impostos do império. Era preciso homens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e muitas vezes ir contra a vontade dos camponeses. Posteriormente, por volta do século X, foi oficializado o termo "Samurai " e então o mesmo ganhou uma série de novas funções, como a militar, por exemplo. Qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar-se nas artes marciais, manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Assim foi até o Shogunato dos Tokugawa, iniciado em 1603, quando a classe dos samurais passou a ser uma Casta. Assim o título de samurai passava de pai para filho.  

Após tornar-se um samurai, o cidadão e sua família ganhavam o privilégio do sobrenome. Além disso, os samurais carregavam consigo um par de espadas à cintura, denominado "Daisho" ; um verdadeiro símbolo do samurai.

 

 

Era composto por uma espada pequena ( wakisashi ) de aproximadamente 40 cm e uma espada grande ( katana ) 60 cm. Todos os samurais também dominavam o manejo do arco e flecha. Além dessas armas, alguns usavam bastões, lanças e outras armas mais exóticas. Os samurais obedeciam um código de honra não-escrito denominado Bushidô (caminho do guerreiro). Não podiam demonstrar medo ou covardia. O samurai não deve nunca abandonar a sua coragem, que é inseparável de sua condição. Antes morrer, do que ser taxado de covarde.

A mentira e a falsidade eram considerados sinais de fraqueza de caráter pelos samurais; a cortesia, a polidez, a educação e as normas de etiqueta eram qualidades muito cultivadas pelos samurais virtuosos, e faziam parte do ideal de homem perfeito .

 

 

O QUE SÃO KATAS

Ao aprender o princípio inerente à técnica, o homem corresponde à natureza do movimento. Como conseqüências do aperfeiçoamento da técnica, o fluido torna-se harmonioso e equilibrado e o princípio que lhe é indiferente revela-se por si mesmo. Quando o homem o compreende em seu coração, sem abrigar nenhuma dúvida a esse respeito, então a técnica e o princípio se unem, o fluido é concentrado, o espírito é tranqüilizado e as reações se seguem uma das outras, desimpedidas. Isto é Kata.

O Kata adequado não se dá enquanto a maturidade da técnica não for alcançada e o fluido não se tornar harmonioso e equilibrado. Pois, então, coração e forma são ainda duas coisas diferentes e por isso não se atinge a liberdade . Desta forma não há Kata.

O Kata faz com que as energias físicas, emocionais, mentais e espirituais se alinhem, formando um universo sem divisões. Não se pensa em nada de definido, quando nada se projeta, aspira, deseja ou espera, e que se aponta em nenhuma direção determinada e não o bastante, pela plenitude da sua energia, se sabe que é capaz do possível e do impossível. Esse estado, fundamentalmente livre de intenção e do “eu” , é o que chamamos de Kata.

Em termos psicológicos, a mente nesse estado entrega-se sem limites a uma “força” que não vem de lugar algum e que, apesar disso, parece ser forte o bastante para apossar-se de toda a consciência e pô-la a serviço do desconhecido. Tornamo-nos uma espécie de autômatos, por assim dizer, no que diz respeito à consciência. Isto é Kata.

KATAS

A coluna vertebral das Artes Marciais. Conforme as bases de uma madura metodologia de combate, o Kata é o resultado de um lento e seletivo processo, através do qual certas ações são preservadas em função de sua aplicação em combate, seja com o uso de armas ou com as mãos vazias.

O kata é uma linguagem de sinais onde está catalogado e documentado a filosofia particular de um determinado sistema de combate, distinguindo, assim, um estilo do outro. Desta forma, o kata transcende a convencional relação tempo - espaço, trazendo em suas raízes a história e cultura de um povo ao conhecimento das novas gerações para toda a humanidade.

Os mais antigos escritos que se conhecem a respeito de algum sistema de movimentos de combate preestabelecidos, vem da 18ª Dinastia do Antigo Egito.

De acordo com os textos históricos, pôr volta de 1500 a.C., a classe governante adotou em seus exercícios militares jogos desportivos, com a finalidade de melhorar suas habilidades necessárias para guerra.

Os nobres enviavam seus filhos para campos militares para treinarem com experientes guerreiros. Recebiam um rigoroso treinamento com todo tipo de armas. Como complemento desta educação militar participavam de sofisticadas artes de luta e danças marciais.

Na antiga Esparta ( 600 a.C. ) a excelência militar era o maior objetivo a ser alcançado na educação espartana. Os espartanos realizavam exercícios corporais, como a dança, somente com propósitos militares, para criarem guerreiros eficientes . Plutarco, biógrafo e historiador grego, deixou registrado que “a dança militar era um estimulo importante, que inflamava a coragem e dava força para perseverar nos caminhos da honra e do valor”.

Estas danças eram realizadas individualmente ou em grupos de jovens guerreiros. Eram coreografadas empunhando a espada e o escudo imitando em um ritmo frenético, os movimentos de um combate corpo a corpo.

Platão descreveu que a dança tinha um complexo trabalho de pernas, passos laterais, saltos e movimentos ofensivos. Os gregos costumavam dizer que “os melhores guerreiros são também os melhores dançarinos”.

Em 520 a.C., um monge budista chamado Bodhidharma ou Daruma Taishi em japonês, emigrou da Índia para a China para ensinar Budismo no Templo Shaolin. A lenda diz que quando Daruma chegou no Templo encontrou monges numa situação de saúde precária, devido as longas horas de meditação em situação imóvel, ele imediatamente preocupou em melhorar as condições de saúde dos monges.   Daruma ensinava uma combinação de exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos corporais que ficou conhecidos como “As 18 mãos de Lo Han”, considerada como um verdadeiro e completo sistema de autodefesa. Os ensinamentos de Daruma são conhecidos pelos historiadores como a base das Artes Marciais.

Séculos mais tarde, estes conhecimentos chegaram a ilha de Okinawa ( berço do Karate ) através do intercâmbio cultural e comercial entre esta ilha e o continente chinês. O aprendizado destas novas técnicas aliado a um conhecimento autóctone de autodefesa, foi o embrião de uma nova arte que ficou conhecida como Te ou Okinawa–Te ( mãos de Okinawa ).

 

OKINAWA-TÊ ( Nome antigo para Karate )

Pouco se sabe sobre a história do desenvolvimento do Okinawa-Te, mas há um consenso de que um fator tenha contribuído de forma significativa para tal: a proibição do uso de armas pela população em Okinawa. No início do século XV , Okinawa foi unificada e o então rei Hashi, da dinastia Sho ordenou que todas as armas de reino fossem confiscadas, baixando também um decreto que fazia da posse de armas um crime contra o Estado.

Esta medida visava desestimular qualquer ameaça de rebelião contra seu governo. Cerca de dois séculos mais tarde ( 1609 ) quando Okinawa foi invadida e dominada pelo clã Shimazu do feudo de Satsuma de Kyushu, novamente as armas foram banidas. Estas constantes proibições do uso de armas deram um grande impulso ao desenvolvimento do Okinawa-Te, porém sempre em sigilo.

Surgiram então três principais núcleos de Okinawa-Te, que foram as cidades de Shuri, Naha e Tomari, respectivamente os estilos Shuri-Te, Naha-Te e Tomari-Te. Estes sistemas de combate foram a base de sustentação dos estilos de Karate que nós conhecemos hoje.

Um dos maiores nomes do Shuri-Te foi o Mestre Anko Itosu ( 1831-1915 ), que foi o responsável pela introdução desta arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-Te foi a coluna mestra dos estilos que vieram a se chamar Shotokan, Shito-ryu e Isshin-Ryu.

Quando Mestre Itosu introduziu o Karate nas escolas ele se deparou com um problema, a arte um tanto difícil e metódica para as crianças. Mestre Itosu decide então criar uma série de Katas novos que teriam por qualidade principal a facilidade na aprendizagem.

Inspirando-se em vários Katas antigos, Mestre Itosu elabora os famosos Pinan, auxiliado por dois de seus discípulos: Yabu e Hanashiro. Ocorreu o mesmo com os três Kata Naihanchi, criados por Mestre Itosu a partir do Naihanchi antigo.

Mestre Itosu foi o mestre de Funakoshi Sensei, que também teve como mestre outro “gigante” de Okinawa que foi Mestre Azato.

Quando Mestre Funakoshi se estabeleceu no Japão e levou o Karate para Tóquio, ele mudou os nomes dos Kata Pinan para Heian e Naihanchi para Tekki.

Todo este processo e passagens históricas de conhecimento de autodefesa só foi possível através de uma linguagem : O Kata.

 

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Os iniciantes em Karate Shotokan aprendem o Kata denominado Heian Shodan, um Kata básico que visa facilitar o aprendizado de Karate para praticantes de qualquer idade.

Portanto, não nos surpreendamos quando nossos Senseis nos dizem que o Kata é o coração do Karate ( Karate Kata No Kokoro ) .

CARACTERÍSTICAS DOS KATAS

 



HEIAN
( A Mente Tranqüila)


OS 5 ASPECTOS DA SÉRIE HEIAN

HEIAN : Sho, Ni, San, Yo e Go Dan.

“Evitar o descontrole do equilíbrio emocional”

1.) FILOSÓFICO

Paz e tranqüilidade podem vir com a prática do Karate. O superior e o básico são uma coisa só, ater-se aos princípios educacionais.

 

2.) FÍSICO

 Fortalecimento dos membros, preparação geral do corpo para outros exercícios.

 

3.) TÉCNICO

Técnicas básicas, fundamentos de bases e de golpes. A educação também se faz pelo físico.

 

4.) CRIADOR

Yasutsune Itosu

 

5.) ESTILOS

Shotokan, Shorin Ryu, Wado Ryu.

 

Há cinco formas de Heian , contendo uma grande variedade de técnicas, quase todas relacionadas a posturas básicas. Alguém que tenha aprendido estas cinco formas ,juntamente com o Kihon Ipon Kumite, pode estar seguro que é capaz de defender-se com muita habilidade na maioria das situações.   O mestre Yasutsune Itosu introduziu o Karate nos programas de cultura física das escolas e liceus de Okinawa. Em 1907, já com mais de 70 anos, criava os Kata “Pinan” , mais fáceis de serem assimilados, a partir de fragmentos dos Kata antigos. Itosu constituiu-se no elo indispensável e mesmo único, entre a tradição e o desenvolvimento de uma arte confrontada com um mundo moderno.

Grande pedagogo ( qualidade que seria encontrada mais tarde em seu aluno Gichin Funakoshi ), Itosu insistia na idéia de que o corpo deveria ser treinado para resistir aos mais duros golpes, mas o espírito não deveria jamais ser negligenciado por isso, notável especialista em Kata, via neles um meio de o espírito dominar o corpo, por este motivo a série Heian começa para o lado esquerdo ( espiritual ) e os Tekki para o lado direito (material), como o espírito domina a matéria a série Heian é maior que a série Tekki. O mestre Gichin Funakoshi, depois de ter transformado “Mãos Chinesas” em “Mãos Vazias”, começou a dar aos Kata nomes mais fáceis para o uso do povo japonês. Pinan, Naihanchi e assim por diante (nomes que tinham origem em Okinawa), foram modificados para Heian,Tekki respectivamente.


TEKKI (Andar A Cavalo)

O nome refere-se a característica distinta deste Kata que é sua postura Kiba-dachi, como montar a cavalo. Neste as pernas são fortemente posicionadas bem abertas, como se fosse para sentar no dorso de um cavalo, e a tensão é aplicada nas bordas externas das solas dos pés com a sensação de concentrar a força em direção ao centro. Os Katas Tekki, antigamente chamados Naihanchi, são bem mais antigos que os Heian. Eram, inclusive, um só Kata, que depois foi dividido nos três Tekkis que conhecemos.



JION (Amor e Gratidão )

Este é o nome original, e tem aparecido muito na literatura chinesa desde os tempos antigos. O Jionji é um famoso velho templo Budista, e há um santo Budista bastante conhecido chamado Jion. O nome sugere que o Kata tenha sido introduzido por alguém identificado com o Templo Jion, assim como o nome Shorin-ji Kempo deriva de uma relação com o Templo Shorin.

BASSAI DAÍ (Kanji)

Bassaí - ( Entrar em uma Fortaleza , ou , superando obstáculos)

Esta forma de Kata contém repetidas mudanças dos braços de bloqueio, movimentos representando a sensibilidade para alterar uma posição de desvantagem para uma vantajosa, uma sensação que sugere determinação, como se fosse aquela necessária para invadir a fortaleza do inimigo. É um dos katas mais conhecidos .

O Bassai, inicialmente só Bassai, ou Passai como alguns estilos mais antigos os chamam, tendo sido o Mestre Itosu o criador da forma Sho (curta) do Kata que trabalha contra técnicas de BO, o que acabou levando à mudança do nome do original para Bassai-Dai (dai=longa) ao invés de só Bassai, como ainda é conhecido nos estilos que não adotam a linhagem do Mestre Itosu.

Existem 2 versões deste Kata: a versão de Shuri, feita com as mãos fechadas e a de Tomari, feita com as mãos abertas que parece ser a mais antiga e a original (há controvérsias: alguns apostam que ele é originário de Shuri), e teria sido criado pelo Mestre Soken(Bushi) Matsumura (1787-1889), um samurai que criou o estilo Shorin-Ryu de Karate que acabou originando o Shotokan, o Kobayashi-ryu e o Shito-ryu. É, completando sua descrição, um kata shorin, como os Heian, kanku e Enpi, em oposição aos kata Shorey (Tekki, Jion e Hanguetsu) enfatizando a velocidade em detrimento da força.

O nome Bassai se traduz como "atravessar a fortaleza/superando obstáculos" ou seja: você está diante do último reduto do inimigo e os últimos exércitos do inimigo estão ali entre você e a vitória final.

Neste Kata o Karateka deverá mostrar todo o vigor e derrotar o inimigo, destruir seu último reduto para poder vencer a guerra. Importante não é a vitória de uma batalha que está em jogo, que pode ser perdida ou ganha mas é a luta final: ela deve ser ganha, não se deve pensar em derrota, mas usar todo o vigor, toda a tenacidade, aplicar os golpes mais poderosos e decisivos para que a guerra acabe ali ("Batsu" = pular, saltar, superar, ir além, "Sai" = fechar, cobrir, obstruir).

Quem o executa deve demonstrar vigor físico e força (lembrar que os japoneses não separam corpo e espírito, portanto... força para eles não significa só contração muscular mas também demonstração de energia espiritual).

É o Kata cujo domínio, juntamente com o Kanku-dai, caracteriza o Faixa Preta Shodan do Estilo Shotokan, por possuir todos os elementos que caracterizam o estilo.

BASSAI-SHO

 

A linha de atuação (embusen) do bassai-sho é bastante similar a do bassai-dai ambos trabalham os mesmos objetivos. Este kata faz introdução a técnicas bastante severas como jodan-tsukami-uke e gedan-tsukami-uke. Foi criado por Itosu (mestre do estilo Shuri-te), que desenvolveu esta forma curta a partir da forma básica do Kanku-Daí

O termo “dai” significa maior , enquanto “sho” significa menor, mas devido ao fato de as palavras japonesas não nos darem uma tradução exata e após uma grande observação do kata, chega-se a conclusão que o termo “dai” tem significados alem de simplesmente "maior", mas também de mais explosivo, mais veloz; enquanto o termo “sho” não significa apenas "menor" mas também mais concentrado, mais forte e também serve para dizer que nos katas com o termo “sho” existem técnicas ocultas, talvez pelo elevado grau de dificuldade desta versão, não apresentadas na sua versão usual do termo “dai”.

O bassai-sho apresenta alguns pontos interessantes como as defesas contra ataque de bastão e, como o bassai-dai, apresenta defesas giratórias e ao invés de utilizar o uraken-uchi como defesa usada junto a um yoko-geri, neste kata usa-se haito-uke. Um outro ponto importante é o equilíbrio necessário para executar seu final, neste trecho do kata é necessária uma boa manutenção do centro de gravidade para não haver desequilíbrio o que prejudicaria a aplicação e a estética do kata.

Existem dois pontos de kiai no kata bassai-sho, o primeiro kiai é feito no gedan-sokuto-fumi-komi-geri e o segundo é feito no chudan-oi-zuki.

Este kata contém 27 movimentos e leva aproximadamente 60 segundos para ser totalmente executado.


KANKU (Olhar Para O Céu)

O nome deste Kata derivou-se originariamente do mesmo introduzido por Ku Shanku, integrante do exército Chinês. O nome refere-se ao primeiro movimento do Kata, no qual levanta-se as mãos e olha-se para o céu.



EMPI (O Vôo Da Andorinha)

movimentação característica deste Kata é o ataque a um nível mais acima do solo. Na sequência segura-se o opoente e o induz a permanecer em uma posição Vespecífica, simultaneamente avançando e atacando novamente. O movimento representa o vôo rápido e ágil da andorinha. Este kata é um dos kata mais apreciados pelos praticantes entre todos os katas do estilo shotokan, mas possui golpes, ou combinações de golpes, bastante complexas, como por exemplo, o tsuki-nagashi-uke antecedendo o hiza-geri seguido de mawashi-zuki e gyako-zuki thudan em kosa-dachi e na seqüência ushiro-gedan-barai em zenkutsu-dachi.

 

Outro ponto interessante deste kata é que em especial exige uma melhor performance, e o thudan-teisho-oshi-age-uke/gedan-teisho-osae-uke em zenkutsu-dachi.

O kata enpi é de origem chinesa e foi introduzido em Okinawa com o nome de wanshu, mas ao ser adotado pelo estilo shotokan passou a se chamar enpi, mas este nome ainda é usado em outros estilos de karate como o estilo wado-ryu.

O enpi trabalha leveza, como o vôo da andorinha, a dinâmica do corpo de formas altas e baixas, mudança de direção em forma rotativa. É um ótimo kata para trabalhar leveza, rapidez e agilidade nos seus primeiros movimentos, alem de firmeza e segurança ao solo caracterizado pelo salto.

Este kata possui dois pontos de kiai, o primeiro kiai deve ser realizado no jodan-soto-uke em base hidari-ashi-dachi e o segundo kiai esta no salto finalizado com shuto-uke em kokutsu-dachi.

O kata enpi, por ser muito apreciado tanto por professores antigos quanto novos e também por todos os tipos de atletas de karate, alem de ser vastamente utilizado em competições, os iniciantes acabam sentindo-se atraídos por este kata. Uns costumam dizer que pelo fato do enpi ser um kata pequeno não possui muita expressão.

Outros já dizem que por possuir um salto o enpi torna-se um kata bastante expressivo. O mais importante não é o tamanho, a forma, quem o aprecia ou não, se tem salto ou não, quem o usa ou quantas vezes se usa em competição. Lembre-se que toda a expressão do kata está no praticante e não no kata por si só, muitos dizem que kata é apenas um kihon emendado, está errado, este “kihon emendado” apenas torna-se um kata quando o praticante sabe para que serve o que ele esta fazendo, sem isso realmente o que se faz é um kihon, é preciso viver a situação, viver cada momento do kata.



GANKAKU ( A Garça Pousada Na Pedra )

Kata caracterizado pela postura em uma só perna que ocorre repetidamente. Representa a visão da garça pousada numa pedra, prestes a lançar-se sobre sua vítima.


JUTTE (Dez Mãos)

Nas formas remanescentes pertencem ao estilo Shorei, os movimentos são um tanto mais pesados quando comparados àqueles do estilo Shorin. A postura é muito audaz. Proporcionam bom condicionamento físico. O nome Jutte sugere que alguém que tenha aprendido este Kata é tão eficiente como dez homens de uma só vez.



HANGETSU ( Meia-Lua )

Nos movimentos para frente, neste Kata, são descritos semicírculos com as mãos e os pés de maneira característica, sendo seu nome derivado deste fato.


UNSU

O Kata com o estilo do Dragão por Mestre Aragaki. Onde ele o treinou não se tem conhecimento, mas as grandes influências chinesas neste Kata sugerem que tenha sido certamente em continente chinês. O nome usado em Okinawa é Unshou e significa "Defesa Contra A Nuvem", ou seja, mesmo se seus inimigos cercarem você como uma nuvem, com certeza você os vencerá se tiver aprendido o Unsu.


MEIKYO

Este é um Kata muito misterioso. Presume-se que os japoneses o conheciam muito antes que Mestre Funakoshi tenha introduzido o Karate de Okinawa no Japão. Há até mesmo uma lenda japonesa a respeito de Ameratsu, a deusa do sol. Ela havia perdido seu espelho e não podia admirar-se, ficando muito aborrecida.

Desta maneira, o mundo ficou nas trevas. Finalmente os outros deuses decidiram que alguma coisa deveria ser feita, então enviaram um grande guerreiro para realizar a "Dança da Guerra" do lado de fora da caverna. A "Dança Da Guerra" foi nomeada Meikyo.

Meikyo é traduzido como "O Espelho da alma". O nome antigo para Meikyo era Rohai.


As características gerais de cada Kata

O treinamento do Kata tanto é espiritual quanto físico. Na execução dos Kata, o karateca deve exibir coragem e confiança, mas também humildade, gentileza e um senso de decoro, integrando assim o corpo e a mente numa disciplina singular. Sem a cortesia, o Karatê-Dô perde seu espírito.

A cortesia é observada no início e término do Kata através da inclinação ( Rei: reverência feita em sinal de respeito ).

Cada Kata começa com uma técnica de bloqueio e consiste num número específico de movimentos a serem realizados numa ordem determinada. Há uma variação de complexidade de movimentos e no tempo requerido para concluí-los, mas cada movimento tem o seu significado e função e nada nele é supérfluo.

A atuação é feita ao longo do “ Embussen ” ( linha de execução do Kata ), cuja configuração é determinada para cada Kata.

 

Observe alguns exemplos abaixo:

OS 10 ELEMENTOS DO KATA

1.) YOI NO KISHIN
( O espírito do aprontar-se)Tem sido dividido tradicionalmente em três aspectos: o ajuste da postura, o ajuste da respiração e o ajuste da atividade mental. O estado mental que nos esforçamos por atingir nas artes marciais é denominado de “Mushin”, trata-se de uma palavra composta ( Mu - Vazio ou nulo; Shin - coração ou mente), em geral e traduzido por mente vazia.

Os pensamentos vão e vem, mas a mente não se prende a eles. A consciência passa a fluir livremente move-se de movimento para movimento, sem ser obstruído por pensamentos ilusórios. Só assim será possível tratar cada movimento como se fosse o último.

 

2.)  INYO (o ativo e o passivo)
Sempre manter na mente ataque e defesa. Para termos um bom Kata, se faz necessário uma perfeita sintonia com essas forças cósmicas (ativo e passivo ).

Ambos os elementos são considerados de igual valor e juntos formam o Ki, a fonte de energia que em eterna mutação mantém o equilíbrio e constituem uma unidade polarizada, como: corpo e espírito; consciência e inconsciência; defesa e ataque. Os pólos se completam e necessitam-se mutuamente.

 

3.) CHIKARA NO KYOJAKU ( O modo de usar a força)

O grau de força utilizado para cada movimento e posição do Kata. É desejável o conhecimento de quais músculos são usados especificamente, pode-se esperar uma maior eficácia deles. Contrariamente, quanto menos é a perda de energia. Com os músculos operando perfeita e harmoniosamente, eles produzirão técnicas potentes e eficazes.

 

4.) WAZA NO KANKYU ( A velocidade do movimento )

Velocidade é a qualidade particular do músculo e das coordenações neuro-musculares que permitem a execução de uma sucessão rápida de gestos. A quebra desta velocidade e a regulagem do tempo, constituem em ritmo. A aquisição de um senso de ritmo e a regulagem do tempo é uma excelente forma de aperfeiçoar-se na arte.

A relação existente entre a força e a velocidade resulta na potência. Somente a força muscular não permitirá que a pessoa se sobressaia nas artes marciais, o poder “Kime” de uma técnica básica de Karatê resulta na concentração máxima de força no movimento do impacto e da velocidade do movimento.


5.) TAI NO SHINSHUKU (Grau de expansão e concentração)

A potência máxima é a concentração da força de todas as partes do corpo no alvo, não apenas a força de braços e pernas.

 

            Igualmente importante é a eliminação das forças desnecessárias ao se executar uma técnica, o que resultará na aplicação de uma maior potência onde ela for necessária. Basicamente, a potência deve começar do zero e culminar em cem no impacto, retornando imediatamente a zero. Relaxar a força desnecessária não significa relaxar a vigilância.

 

6.) KOKYU (Respiração)

O controle da respiração relacionada com cada movimento do Kata. O controle do alento respiratório é o controle da energia vital “Ki”, pela sua regulação obtém-se o domínio sobre todas as correntes de energia sutil que animam o corpo.

A respiração está diretamente relacionada às emoções, qualquer resposta emocional sua, mudará imediatamente seu modo de respirar. Nas artes marciais, a respiração não significa apenas o ar inalado e expira ( O ki interior ), mas também o espírito e a energia intrínseca que está centrada no Tanden (Centro físico e psicológico do corpo ) denominada de “ki sutil”. Esta é a relação entre a respiração espiritual e física que devemos utilizar.

 

7.) TYAKUGAN (O objetivo de cada movimento)

Apesar de a pessoa praticar sem um adversário visível, ela deve ter em mente a presença de inimigos vindo das quatro ou das oito direções e possibilidade de mudar a linha de atuação. É a única maneira de adquirirmos a sensação de combater real, no qual adquirimos o domínio do corpo, da mente e do espírito.

Se faz necessário o conhecimento profundo das aplicações de cada movimento do Kata.

 

8.) KIAI ( Ki - energia; Ai - união )

O Ki pode ser descrito como força propulsora básica do universo, a energia universal da qual toda matéria e toda vida são feitas. Ela também é a força propulsora que se esconde por trás da consciência, sendo por essa razão freqüentemente chamada de “energia psicofísica”.

Nas artes marciais há uma espécie de grito chamado “Kiai”, o que não é um grito comum, quando executado corretamente. O Kiai deve vir do fundo do “Hara”e produz vibrações semelhantes às geradas pelos “mantras”. Trata-se de uma projeção de energia através da voz, é uma espécie de unificação da respiração, da postura da voz e da concentração que centraliza a força de um movimento. Na verdade, essa concentração de força é uma canalização do “Ki”.

 

9.) KEITA NO HOJI (Posição, postura correta )

A forma correta está sempre estreitamente relacionada com os princípios físicos e fisiológicos. Os pré-requisitos da forma correta são o bom equilíbrio, um alto grau de estabilidade e a ordem dos movimentos cada parte do corpo, uma vez que os movimentos são executados em sucessão rápida num curto período de tempo.

A postura correta facilita uma boa respiração e uma boa movimentação dos quadris. Os quadris estão localizados aproximadamente no centro do corpo humano, e o movimento deles exerce um papel crucial na execução dos vários tipos de técnicas do Karatê.

A postura correta proporciona um livre fluxo de energia “Ki” pelo nosso corpo.

10.) ZANSHIN (Zan - Permanecer; Shin - Mente )

Zanshin quer dizer o estado físico e mental empregado na execução de um dado ato não é dissipado por ele, mantendo-se em vez disso, até a próxima atividade. No nível físico, a respiração e a postura permanecem corretas e o corpo conserva-se equilibrado e pronto para movimentar-se novamente. No nível mental, mantém-se a concentração e a respiração.

A qualidade da respiração é de fundamental importância para determinar se podemos ou não manter a concentração e a postura correta.

O Zanshin é a continuidade da disposição de espírito adequado após o término de uma determinada técnica. Mantém um estado físico e mental apropriado entre uma técnica e outra.